Passado prazo de monitoramento, saiba como estão crianças que receberam soro no lugar de vacina
Neste fim de semana, completou-se o intervalo de 30 dias entre o momento em que 11 bebês internados na maternidade do Hospital Santa Cruz de Canoinhas (HSCC) receberam soro contra veneno de jararaca no lugar de vacina contra hepatite B.
A reportagem conversou com alguns pais e eles afirmaram que nenhuma sequela surgiu durante o período de monitoramento. As chances de algo ocorra a partir de agora são praticamente inexistentes segundo profissionais de saúde ouvidos pela reportagem. “Graças a Deus não tivemos problema nenhum”, disse Everton Massaneiro, um dos pais que aceitou dar entrevista logo após o episódio, há um mês, cujo caso o JMais acompanhou desde o início.
Dos pais com os quais ele teve contato ao longo desse período, não ouviu nenhum relato de possíveis sequelas.
O quadro confirma o que disse a gestora do HSCC, Karin Adur, em entrevista ao JMais. “A dose de 0,5 miligrama é muito baixa, bem abaixo do que se recomenda aplicar em casos em que mesmo um bebê, tenha sido picado por uma cobra”, explicou.
Em nota, o HSCC explicou que “se os recém-nascidos tivessem sofrido uma picada de cobra, receberiam o soro de acordo com o veneno inoculado, onde a dose a ser administrada seria de 20 a 40ml para sintomas leves, e até 120ml em casos mais graves, sendo estas as orientações do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (Ciatox) e do Instituto Butantan – que fabrica a vacina e o soro – sendo que a dose administrada nos recém-nascidos foi de 0,5ml. Não existe risco de reações graves e moderadas.”
Nesta segunda, o JMais cobrou de Karin o resultado da sindicância interna realizada para apurar a responsabilidade sobre o caso. Karin disse que “não estamos mais expondo nada a respeito” e o que o caso está nas mãos do Ministério Público, que mantém o caso em sigilo.
O Município, contudo, anunciou que está contratando uma sindicância externa, que vai verificar desde as contas do Hospital até os protocolos de procedimentos, como a aplicação de imunizantes.
CORES
Vacina contra a hepatite B vem em frasco semelhante ao contra veneno de jararaca
Uma ação tomada pelo HSCC que busca evitar trocas é a indicação por cores para identificar e diferenciar vacinas de soros. Conforme mostra a imagem acima, os frascos do soro e da vacina são muito parecidos. Ambos são fabricados pelo Instituto Butantan, que se manifestou por meio de nota:
“O Instituto Butantan lamenta o ocorrido no hospital de Canoinhas e se solidariza com as famílias envolvidas. O Instituto esclarece que a correta armazenagem e administração desses produtos são de responsabilidade das unidades de saúde que realizam a aplicação.
A padronização dos rótulos e embalagens de vacinas e soros distribuídos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) é definida pelo Ministério da Saúde (MS), independentemente do fabricante.
O soro antiofídico mencionado possui baixo índice de contraindicações, conforme descrito em bula. Ainda assim, por se tratar de um produto de uso específico, cabe à vigilância municipal garantir o acompanhamento médico adequado dos bebês.”
Conforme resposta à consulta feita pelo HSCC e a Secretaria de Saúde de Canoinhas, o Ciatox informou que não há registros de recém-nascidos recebendo esse tipo de soro, o que deve colocar o caso canoinhense na literatura médica como uma experiência acidental que permitiu entender como o organismo de bebês recebem o soro em pequena quantidade.