Facção desmantelada em Major Vieira encurralou família e atirou em menino de sete anos
A Operação Ruptura, realizada com a participação de mais de 100 policiais civis e militares na sexta-feira, 29, desmantelou uma facção criminosa que, segundo o delegado da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Canoinhas, Nadal Junior, agia localmente, na cidade de Major Vieira. Entre tantos atos de terror cometidos pela quadrilha, um dos mais chocantes colocou Major Vieira no mesmo patamar de grandes e violentas cidades.
Na noite de 27 de abril, uma criança de apenas 7 anos foi vítima de uma tentativa de homicídio qualificado, em um caso que envolveu disparos de arma de fogo e que ocorreu de forma a dificultar a defesa. O caso foi registrado na Cohab, em Major Vieira.
De acordo com informações recebidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a criança foi levada para a emergência do Hospital São Lucas, onde os familiares contaram que estavam dentro de um Honda Civic quando foram alvejados. Após o ocorrido, a polícia conseguiu localizar o carro abandonado em uma rua da cidade. O veículo estava repleto de marcas de tiros, incluindo uma perfuração que transfixou a tampa traseira, o banco e a cadeira de transporte que estava afixada atrás do banco do passageiro atingindo as costas do menino. Hoje, os pais da criança vivem com medo e até mesmo à Polícia resistiam em falar qualquer coisa sobre os suspeitos. O menino sobreviveu, mas não se sabe em que condições.
À época, o JMais apurou que aparentemente tratava-se de um confronto entre envolvidos com tráfico de drogas, mas não há nenhuma prova de que a família no Civic tenha envolvimento com o crime. Uma das hipóteses é de que eles tenham sido envolvidos no meio de um tiroteio por estarem no lugar errado, na hora errada. Porém, segundo testemunhas, os tiros foram direcionados para o carro. A criança alvejada por um tiro, foi transferida do Hospital de Major Vieira para Joinville. Durante a viagem, o quadro clínico do menino se agravou, e a equipe optou por parar em Mafra para realizar exames, como tomografia, e providenciar intervenção cirúrgica. Após a estabilização, a criança foi transferida durante a madrugada de Mafra para Joinville.
FACÇÃO
Armas e munições apreendidos / Divulgação PM
A facção que operava em Major Vieira atuava sobretudo no tráfico de drogas e constantemente usava da violência para impor respeito. Foi dessa forma que eles tentaram contra a vida de pelo menos oito pessoas, sendo que uma morte foi registrada em Major Vieira. Há outros crimes contra a vida investigados e que podem ter relação com a quadrilha. Em um dos casos, o criminoso bateu na porta da casa do desafeto que, ao atender, recebeu uma saraivada de tiros.
A prisão temporária de dois integrantes da facção foi decisiva para a Polícia Civil chegar aos principais líderes, todos presos na sexta-feira, 29. No total, com os já presos, são oito suspeitos encarcerados. O delegado Nadal Jr conclui o inquérito que deve indiciá-los. Apesar da forte presença do Primeiro Grupo Catarinense (PGC) em Três Barras, o delegado diz que alguns integrantes da quadrilha major-vieirense podem, eventualmente, compor o PGC ou outra facção de maior porte, mas nada disso apareceu nas investigações, sendo que o mais provável é que o grupo major-vieirense seja isolado, focado no tráfico na cidade.
Na sexta-feira, 16 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, além de seis mandados de prisão temporária, sete autos de prisão em flagrante lavrados, cinco armas de fogo apreendidas, 86 munições de arma de fogo foram localizadas, como também 49 pedras de crack, 6,7 gramas de cocaína, 46 gramas de maconha e três rádios comunicadores.