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A escassez de mão de obra foi tema de encontro entre Patrões e Trabalhadores

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A preocupação crescente com a falta de mão de obra, e principalmente mão de obra capacitada, foi a motivação do encontro entre os Sindicatos de Trabalhadores e Sindicatos Patronais realizado na Câmara de Vereadores de São Bento do Sul, nesta quarta-feira, 26. O evento reuniu representantes dos trabalhadores dos setores do comércio, indústrias e serviço público.

A iniciativa foi do Fórum Sindical de São Bento do Sul, Rio Negrinho e Campo Alegre, composto por 9 Sindicatos que representam mais de 43 mil trabalhadores das indústrias da Cerâmica, Construção e Mobiliário, Têxtil, Papel, Plásticos, Químicos, Mecânicos, Servidores Públicos e empregos no Comércio.

Todos os respectivos Sindicatos Patronais foram convidados, mas compareceram representantes do Sindusmobil, que representa as indústrias de construção e mobiliário de São Bento do Sul, o Sindicom, que representa as indústrias moveleiras de Rio Negrinho e do Sindicato das Indústrias da Cerâmica.

Foram convidados ainda os prefeitos das três cidades, que acabaram não enviando nenhum representante. A falta dupla dos prefeitos, tanto enquanto representante patronal dos servidores públicos quanto como poder público, a fim de conhecer os problemas dos empresários e trabalhadores, foi evidenciada no evento.

 

Transporte Público

As lideranças empresariais e trabalhistas destacaram a falta de mão de obra na região e apontaram alguns problemas cujo poder público poderia melhorar, como por exemplo, a falta de transporte público adequado. Nem a Prefeitura nem a empresa de transporte procuram os empresários sobre quais são os melhores horários e rotas para seus funcionários. Sequer consultam o trabalhador sobre o tema.

Educação

Outro ponto foi a enorme quantidade de trabalhadores estrangeiros, principalmente venezuelanos e haitianos, que têm muita dificuldade com a Língua Portuguesa. “Eles falam desde o Francês, Inglês, ao Caboclo, até dialetos locais, o que dificulta muito a nossa comunicação. Seria importante um curso de português para que eles exerçam suas funções de forma integrada com os outros funcionários”, destacou Michaela Weiss Gschwendtner, RH da empresa Oxford.

 

 

Foto Sindi Pedro Amancio

 

Novos empreendimentos devem agravar o cenário

Pedro Amâncio Machado, do Sindicato dos Comerciários, falou da explosão de novos supermercados nas duas cidades da região. “O Komprão chegou já com duas lojas em Rio Negrinho e a questão da já escassa mão de obra deve ser ainda mais agravada com a chegada programada de mais duas unidades em São Bento. O Fort é outro que vai precisar de mão de obra com sua segunda loja. O maior problema da rotatividade é que as empresas são boas, mas os gerentes são fracos e sem treinamento para atuar nas situações, muitas vezes as empresas perdem bons funcionários por pequenas picuinhas”, avaliou Pedro Amancio Machado.

 

 

A diretora de RH da Oxford, destacou que nem todos os trabalhadores querem trabalhar nos finais de semana. “Os novos atacadistas trabalham nos finais de semana e horários noturnos estendidos, assim como a nossa empresa. Apesar de ramos bem diferentes, é possível que iremos disputar os mesmos trabalhadores”, completou.

 

 

Rotatividade

O coordenador do Fórum Sindical e presidente do Siticom Rio Negrinho, Luiz Carlos Schukosky, destacou que não é apenas a falta de mão de obra e sim a rotatividade um dos problemas para se encontrar funcionários. “Se está faltando mão de obra, por que um funcionário sai de uma empresa pra ir pra outra? Criar oportunidades de crescimento nas empresas. Como pode um trabalhador da produção ficar 10 ou 20 anos na empresa e receber apenas o piso mínimo? É preciso valorizar esse trabalhador pelas suas capacidades adquiridas com a experiência dentro da empresa “, avaliou.

 

O Sindicato das Indústrias Mobiliárias de São Bento afirma já ter projetos para que os empresários possam investir na gestão e liderança nas empresas e combater a rotatividade. “Hoje nós temos uma pressão enorme com a falta de mão de obra. Muitas vezes discutimos o Piso Salarial [mínimo], mas o salário em si que está sendo praticado é outro. Senão, você não segura a mão de obra, destacou o empresário e presidente do Sindusmóbil, Luiz Carlos Pimentel.

 

“Muitas vezes o trabalhador troca de empresa, porque reside longe do local de trabalho e não tem transporte público adequado para se deslocar. Outras vezes, porque vai receber R$ 100, R$ 200 reais a mais no novo emprego. É preciso que a gerência identifique essas dificuldades para a empresa não perder um bom trabalhador”, disse Pedro Amâncio.

 

Foto Sindi Herton Scherer

 

Cursos

O diretor do Sindilojas e da Fecomércio, Herton Scherer, destacou a necessidade de conseguir cursos on-line, para trazer o público jovem para o mercado de trabalho, concluindo que a nova geração pensa diferente dos antigos trabalhadores. “No ano passado tivemos alguns cursos através do SENAC. A Fecomércio teve no ano passado 7 cursos, mas infelizmente desses cursos, especialmente ligados ao comércio, tivemos baixa adesão, mesmo sendo gratuito”, disse Herton.

 

Outra convidada foi a diretora de Ensino, Pesquisa e Extensão do IFC- Instituto Federal Catarinense, Rosana da Silva Cuba que destacou os cursos oferecidos atualmente na região.

 

 

Reconhecimento do Sindicato pelo trabalhador

 

Outro fator é que o trabalhador está voltando para os sindicatos após um longo período de abstinência. “O trabalhador tem nos cobrado esses avanços da valorização, pois percebeu que sozinho ele não consegue negociar com os patrões. Às vezes não consegue sequer conversar ou saber quem é o dono da empresa e expor as dificuldades”, disse Luiz.

 

Foto Sindi Airton Ainhaia

Airton Ainhaia, dos trabalhadores da Construção e do Mobiliário de São Bento do Sul reforçou que está faltando mão de obra qualificada. “O que está faltando construirmos juntos para melhorar para o trabalhador? Eu não tenho dúvida que tudo que colocamos na pauta é preocupação de cada um de nós”, ponderou aos patrões.

 

Conrado Treml, presidente da CDL e do Sindilojas de Rio Negrinho, destacou a enorme falta de funcionários, que dificulta até a seleção da mão de obra qualificada ou da não qualificada. “Antigamente a gente olhava a carteira de trabalho para saber se trabalhou muito tempo no emprego anterior e escolhia os mais estáveis. Hoje estamos aceitando quem está vindo, e não tem como saber se a pessoa fica na vaga”, comentou.

 

Novos Encontros

O encontro foi considerado positivo por todos e foi deliberado sobre novos encontros em período trimestral. O objetivo inicial é mapear ofertas de capacitação de cursos na região, porque a maioria está sediada em São Bento do Sul, e precisa expandir para Rio Negrinho e Campo Alegre.

 

Prestigiaram o evento o Presidente da Câmara de São Bento do Sul Gilmar Pollum (PL), e os vereadores Rodrigo Vargas (PP), Diego Niespodzinski (MDB) e a assessora da vereadora Zuleica Voltolini (PP). A Câmara de Rio Negrinho esteve representada pelo vereador Manoel Alves Maneco (UB).

 

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