Operação em três estados prende 17 por fraude no Gov.br
Nesta quarta-feira (7), foram cumpridas 47 ordens judiciais, no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro; criminosos têm envolvimento com facções gaúcha e catarinense
Foram cumpridos 22 mandados de prisão preventiva e 25 mandados de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro
Uma operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, com parceria da corporação em Santa Catarina, prendeu 17 pessoas nesta quarta-feira (7), por fraude no Gov.br e revenda de veículos clonados.
A ofensiva cumpriu mandados em dez cidades, sendo cinco em território gaúcho, quatro na Grande Florianópolis e uma no Rio de Janeiro. Segundo a investigação, a principal liderança do grupo é vinculada a uma facção criminosa com origem em Santa Catarina.
A operação que investiga fraude no Gov.br foi denominada Krypteia, em alusão à antiga “Krypteia” espartana, tradição que vigiava, controlava e agia nas sombras em defesa da ordem de Esparta.
Conforme informado pela Polícia Civil gaúcha, o esquema criminoso responsável por fraude no Gov.br era complexo e incidia, principalmente, na falsificação de documentos, invasão de dispositivos informáticos, adulteração de sinal identificador de veículos, lavagem de capitais e estelionatos.
A investigação teve início no Rio Grande do Sul, depois que uma pessoa foi até a delegacia para denunciar que o carro, que acabara de comprar, estava em situação de furto/roubo.
A vítima contou à polícia que comprou uma Volkswagen T-Cross por R$ 80.000 e que soube da condição após receber o ATPV-e (Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo) para dar início à troca de titularidade do carro, que estava clonado. O veículo original havia sido roubado em Porto Alegre, poucos dias antes da revenda.
A partir de então, os agentes descobriram que os criminosos passaram os dados da placa utilizada para a clonagem para um hacker, de 24 anos, morador do Rio de Janeiro. Ele era o responsável pela fraude no Gov.br, invadindo a conta do proprietário do carro e tendo acesso aos dados cadastrados na plataforma do governo federal.
Os trabalhos da polícia gaúcha descobriram que a célula financeira do grupo criminoso tinha origem em Santa Catarina e que o principal líder do esquema ordenava as ações de dentro da PMEC (Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas), no Rio Grande do Sul.
O indivíduo, que não teve a identidade revelada, foi condenado a 70 anos de prisão e é vinculado à facção PGC (Primeiro Grupo da Capital), que tem origem em Florianópolis. Era ele quem dava as ordens para compra de veículos roubados ou furtados no Rio Grande do Sul, e em Santa Catarina.
O “número dois” do esquema de fraude no Gov.br e revenda de veículos clonados também já estava preso, mas em Santa Catarina. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão no estado, e seis pessoas foram alvos de prisão preventiva — incluindo as duas lideranças, já detidas. Eles foram capturados em Florianópolis, São José e Palhoça. Um receptador, em Criciúma, também foi preso.
Como era o esquema?
Após a clonagem do veículo e com acesso aos documentos do proprietário, o hacker responsável pela fraude no Gov.br auxiliava os criminosos na transferência de documentação do veículo original. Neste momento, eles anunciavam a venda do veículo em marketplaces por um valor abaixo do mercado, atraindo o interesse de terceiros.
A partir da manifestação de interessados, os suspeitos se utilizavam da fraude no Gov.br para apresentar documentação adulterada e dar andamento à venda do carro. Após a transferência dos valores e com a documentação do veículo em mãos, a vítima só descobriria o golpe ao contatar o Detran (Departamento Nacional de Trânsito) para realizar a transferência veicular.
Operação
Mais de 120 policiais civis do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro, além de policiais penais, atuaram na operação que investiga fraude no Gov.br e revenda de carros clonados. Ao todo, 22 pessoas foram alvos de ordens judiciais.
Dentre eles, estão integrantes do grupo, familiares e braços operacionais, operadores financeiros, célula de clonagem, célula de invasão e demais integrantes envolvidos nos apoios logísticos e de lavagem de capitais. Documentos e aparelhos celulares, que devem auxiliar na apuração, também foram apreendidos.